Mar de consumidores esquecido nas favelas; moradores de comunidades movimentam R$ 9,6 bilhões por mês no país

No ano passado, as periferias brasileiras movimentaram mais de R$ 102 bilhões em consumo de produtos e serviços no país. Neste ano, os 12 milhões de brasileiros que vivem em comunidades já movimentam cerca de R$ 9,6 bilhões por mês, segundo um estudo divulgado pela Outdoor Social, empresa social voltada para publicidade em comunidades.
No entanto, apesar de constituir um mercado consumidor significativo, as comunidades ainda não recebem da publicidade e das empresas uma atenção proporcional à sua importância econômica.


Essa questão foi tema do evento Mix de Mídia: Representatividade, Consumo e Empreendedorismo nas Comunidades Brasileiras, que ocorreu na semana passada na Casa Firjan, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.

Uma das palestrantes, a fundadora da Outdoor Social, Emilia Rabello, afirmou que se as comunidades brasileiras fossem um estado, seriam o 9º maior estado do país em renda nominal:

— Esse levantamento permite que agências e empresas conheçam o enorme potencial de consumo das comunidades e periferias brasileiras. E que, a partir dele, elaborem estratégias com vistas ao investimento em publicidade nas localidades que mais consomem determinado produto e também nas que menos consomem, com o objetivo de atrair mais consumidores — explica.

A socióloga Rose Faria, responsável pelo setor de Relacionamento com as Comunidades do Outdoor Social, avalia que, apesar da crise econômica atual, a classe C, segue contribuindo decisivamente para movimentar o consumo interno no Brasil.

— Os integrantes da classe média, presentes nas periferias de todos os estados brasileiros, permanecem sendo um público consumidor extremamente importante e com enorme potencial a ser explorado — diz.

Para o morador da Maré e empreendedor da comunidade, Marcos Danilo Bravim, 48 anos, a oferta de serviços, por exemplo, ainda é fraca nas favelas:

— Tudo que a gente assiste na mídia, nem sempre é para os favelados. As operadoras de telefonia oferecem planos de 20GB de internet nas propagandas na TV, mas quando a gente procura, não tem disponibilidade no lugar onde moramos. Hoje, as pessoas querem o que é ofertado, não é falta de dinheiro. A Maré tem 16 comunidades e uma lotérica, muita gente fica a mercê de pegar duas conduções para pagar uma conta. As necessidades são as mesmas de quem está fora.

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